Estudo aponta mecanismos que atuam na redução da recuperação cardíaca em hipertensos Informações produzidas por prática esportiva ativam áreas que podem influenciar no pós exercício

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Por Paula Thiemy – paulathiemy@gmail.com
Edição Ano: 48 – Número: 124 – Publicada em: 07/12/2015Testes foram desenvolvidos em laboratório da EEFE / Arquivo pessoal

O exercício físico não termina no exato momento que o praticante para de fazer força ou se esforçar para realizá-lo. Do ponto de vista fisiológico, o período de recuperação após o exercício é essencial para avaliar a saúde do indivíduo. Estudos prévios mostraram que essa recuperação é reduzida nos hipertensos, que são cerca de 30% da população, e Tiago Peçanha, em sua tese de doutorado desenvolvida no Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora (Laham) da USP e orientado por Cláudia Forjaz da Escola de Educação Física e Esporte, decidiu entender quais fatores estão por trás dessa situação, que aumenta o risco de mortalidade neste grupo. O resultado da pesquisa sugeriu que mecanismos periféricos podem ser os responsáveis.

Estudos mostram que quanto mais rápida a capacidade de recuperação pós-exercício, melhor a saúde cardiovascular do praticante. Indivíduos que se recuperam mal ou pouco, em um segmento de anos, tendem a um maior risco de mortalidade. A frequência cardíaca sobe durante o exercício e, se não retornar ao normal depois dele, aumenta a chance de uma doença do coração no futuro. Nos hipertensos, uma disfunção autonômica é um dos fatores responsáveis pela baixa recuperação. Além disso, ela está ligada à instalação da hipertensão e ao aumento da sua gravidade.

Metodologia

A hipótese de Tiago era de que mecanismos neurais que estão relacionados à elevação da frequência cardíaca durante o exercício teriam uma desativação reduzida em hipertensos. Para comprovar sua ideia, 25 indivíduos saudáveis e 23 com hipertensão em estágio leve e sem uso de medicação participaram do estudo, que consistiu em avaliar ações experimentais para ativar ou desativar esses mecanismos na recuperação pós-exercício.

“Temos um mecanismo de origem central, que chamamos de comando central, relacionado com a própria percepção de esforço. Conforme percebo meu exercício como pesado, minha frequência vai seguir essa interpretação. É um mecanismo que é ativado independente de informações metabólicas da prática, está relacionado mais com a interpretação e avaliação central”, explicou Tiago.

“Tem também alguns mecanismos periféricos, que dependem de informações produzidas pelo exercício para ativar a resposta de aumento da frequência. Eles tem origem no músculo esquelético. Existem os receptores que são sensíveis à movimentação e na medida que faço o movimento, o mecanismo é ativado e minha frequência vai subir. O outro é sensível a alterações químicas na fibra muscular, então conforme faço o exercício algumas mudanças ativam essa mecanismo, desencadeando o aumento da frequência. Além do mecanismo central e periférico, tem o mecanismo da termorregulação. O aumento da temperatura ativa diretamente o aumento de frequência e indiretamente porque há o sequestro de sangue para a pele, que faz com que o coração precise bombear mais”, completou.

Resultados

Tiago avaliou a participação dos mecanismos na recuperação da frequência cardíaca e de fato eles influenciam nesse pós-exercício. Nos hipertensos, os mecanismos periféricos estavam hiperativados, o que permitiu ao pesquisador sugerir que alterações no funcionamento desses mecanismos podem ser a resposta para a baixa recuperação em indivíduos com hipertensão. O resultado permite uma aplicação clínica.

“Sabendo quais mecanismos são responsáveis pela recuperação da frequência cardíaca, temos a condição de identificar terapêuticas que sejam eficientes em tratar esses mecanismos. Aí podemos pensar em intervenções medicamentosas ou em terapias, esses são os próximos passos. Uma dessas seria o treinamento físico”, explicou o desenvolvedor do estudo.

A prática de exercícios traz muitos benefícios para o sistema cardiovascular, mas a regularidade é muito importante. Apenas uma sessão de atividade física não é capaz de melhorar a saúde do indivíduo e exige do corpo inúmeras respostas para atender a demanda fisiológica e metabólica com a qual ele não está acostumado. Por isso é importante se exercitar sempre, hipertenso ou não.

Fonte: Escola de Educação Física e Esporte

Milena Dutra

Mestrado em andamento em Medicina (Endocrinologia Clínica) (Conceito CAPES 6) . Universidade…

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