Gravidez: exercícios x lombalgia

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Milena Dutra

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Gestante

O período gestacional gera um impacto biomecânico da cintura pélvica que por sua vez  torna-se instável devido a frouxidão ligamentar da articulação sacro ilíaca e da sínfise púbica em função do hormônio relaxina. Esse processo tem inicio durante o 4 mês gestacional e continua até o 7 mês. Apos este período ocorre apenas um pequeno aumento de mobilidade, com média de 5 mm no sentido transversal e supero – inferior à sínfise púbica.Embora não exista uma correlação estatística entre o aumento da frouxidão ligamentar e a dor pélvica durante o período gestacional, mas há uma correlação assimétrica da frouxidão ligamentar da articulação sacro ilíaca e a dor pélvica durante a gravidez (LEE,2004).

GUTKE et all (2008) desenvolveram um estudo de coorte prospectivo em gestantes para investigar a associação da função muscular e nos subgrupos com lombalgia em 4 grupos em relação à gravidez: sem dor lombar, dor pélvica posterior, dor lombar e dor combinada.  Nos resultados viu-se que de um total de 301 gestantes, 116 mulheres não tinham dor lombar, 33% (n = 99) tinham dor pélvica posterior, 11% (n = 32) tinham dor lombar e 18% (n = 54) tinham combinado dor lombar e pélvica posterior. Em relação a função muscular, viu-se que os flexores do tronco nas gestantes que tinham dor pélvica posterior tinham apresentavam fraqueza, indicando uma associação positiva entre um o desequilíbrio músculo-esquelético e o quadro álgico.

SKAGGS et al (2007) investigou em 599 mulheres a prevalência de dor lombar e constatou que 67% do total da população  estudada relataram dor e 21% relataram dor de intensidade severa em uma escala numérica, como a escala visual analógica de dor, onde acima de 8 já se considerava dor intensa. Importante, 85% das mulheres inquiridas percebida que não tinham sido oferecido tratamento para os seus distúrbios osteomusculares.

A sobrecarga resultante da gestação não é capaz de produzir alterações patológicas significativas nas gestantes. As discopatias degenerativas são incomuns entre esta população, a escoliose raramente é afetada pela gravidez, a espondilolistese grave quando preexistente a gestação pode, por razões  biomecânicas, se tornar um problema ao final da gestação em função da frouxidão dos ligamentar como uma preparação para o parto normal. As mulheres grávidas devem evitar a hiperlordose na sua tentativa de equilibrar o aumento da o crescente peso do útero (OSTGAARD,1996)

Algumas medidas podem ser utilizadas na tentativa de prevenir ou minimizar estes tipos de dores. PERKINS et al (1998) apontam algumas, destacando que em primeiro lugar, é importante que as mulheres mantenham uma boa postura, evitando sobrecargas mecânica  desnecessárias e  estresse sobre a coluna lombar. Em segundo lugar, um programa de exercícios que melhore a resistência e flexibilidade de suporte aos tecidos moles e estruturas. Durante as atividades executadas pelas gestantes, indica-se que estas que estas o façam na postura neutra da coluna mantendo inclusive o mesmo posicionamento de pelve e coluna para fazer da mesma forma os movimentos padrões diários.

Na literatura ainda são escasso os estudos que abordem protocolos de exercícios adequados para gestantes, principalmente aquele que objetivam reduzir as dores lombares. De acordo com ARTALL et all (1999) a dor lombar pode ser reduzida melhorando-se a resistência e o controle dos músculos inseridos na coluna e na pelve.

Em linhas gerais, as gestantes previamente sedentárias devem iniciar exercícios aeróbios com 15 minutos de duração, três vezes por semana, passando gradativamente para 30 minutos, quatro vezes por semana. Objetivos razoáveis para a prática desse tipo de exercício envolvem bom condicionamento físico durante toda gravidez, sem haver a intenção de atingir o máximo de aptidão ou o treino para competição. As diretrizes não limitam a prática para as mulheres atletas de elite e aquelas com necessidades especiais ressaltando apenas a necessidade de acompanhamento médico especializado e supervisão de profissional do exercício físico clínico (SOGC/ CSEP,2003).

As atividades aeróbias devem ser escolhidas considerando a diminuição do risco de perda de equilíbrio e trauma fetal. Além disso, períodos de aquecimento e volta a calma devem fazer parte das sessões. Há menos evidência sobre o trabalho de força muscular durante a gravidez. Algumas mulheres podem apresentar hipotensão em razão da compressão da veia cava pelo útero gravídico, e exercícios na posição supina devem ser evitados após a 16ª semana. O trabalho de resistência abdominal pode ser dificultado pela diástase do músculo reto e pela fraqueza da musculatura abdominal (SOGC/ CSEP, 2003).

O controle da intensidade dos exercícios aeróbicos inclui o uso da freqüência cardíaca de reserva, já que durante a gravidez a freqüência cardíaca de repouso está cerca de 10 a 15 bpm maior sugerindo-se um ajuste na zona alvo convencional. Outras formas de monitoramente da atividade incluem o “talk-test”, em que a mulher estará numa intensidade adequada se consegue manter uma conversa enquanto se exercita. Caso isto não seja possível, a intensidade deve ser reduzida. Durante o exercício, a mulher também pode usar uma escala visual, para a determinação da intensidade. Na gestação, sugere-se uma percepção de esforço entre 12 e 14 na Escala de Borg. (SOGC/ CSEP, 2003).

Em gestações sem complicações, as diretrizes recomendam que todas mulheres devem ser incentivadas a participar de programas de exercícios aeróbios e de condicionamento muscular, como parte de um estilo de vida saudável. Mulheres com gravidezes complicadas são desencorajadas quanto à participação em programas de exercícios (SOGC/ CSEP,2003)

A tabela abaixo ilustra as principais contra indicações absolutas e relativas para a prática de exercício em gestantes de acordo com a SOGC/ CSEP (2003), são:

TABELA 2: Contra indicações absolutas e relativas para gestantes, SOGC/ CSEP (2003)

CONTRA-INDICAÇÕES ABSOLUTAS

CONTRA-INDICAÇÕES RELATIVAS

– Ruptura de membranas

– Trabalho de parto prematuro

– Hipertensão induzida pela gravidez

– Incompetência cervical

– Restrição de crescimento fetal

– Gestação de três bebês ou mais

– Placenta prévia após a 28ª semana

– Sangramento persistente no 2º ou 3º trimestre

-Diabetes tipo I descompensada, moléstia da tiróide, ou outras complicações cardiovasculares, respiratórias ou sistêmicas graves.- Aborto espontâneo prévio

– Nascimento prematuro prévio

– Alteração cardiovascular de leve a moderada

– Alteração respiratória de leve a moderada

– Anemia (Hb <100g/L)

– Distúrbio alimentar ou má nutrição

– Gravidez de gêmeos, após a 28ª semana

– Outras condições médicas significativas

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